Por Virgílio Sabino
A conhecida “fancy cancel”,
sem tradução ideal para a língua portuguesa, mas que seria algo como “obliteração
artística”, foi um tipo ou forma de cancelamento postal introduzido e utilizado no final do
século XIX pelas agências do correio dos Estados Unidos da América, que incluía
um design artístico feito a partir de desenhos ou símbolos esculpidos em
cortiças ou até mesmo feito à mão. As cortiças, com grande variedade de
desenhos, eram parcialmente imersas em tinta e então utilizadas como “carimbos”
nos envelopes selados.
Quando os selos
postais foram introduzidos nos EUA, em 1847, os correios foram obrigados a obliterá-los
para evitar a reutilização, mas foi deixado a eles para decidir exatamente como
fazer isso, e não com frequência os funcionários usariam tudo o que estava à
mão, incluindo marcas à caneta das mais variadas formas.
A “fancy cancel” foi
a obliteração precursora às máquinas ou carimbos atuais. Com o passar dos anos a
“fancy cancel” foi atingindo níveis de criatividade com desenhos e símbolos cada
vez mais bem elaborados, que iam desde escudos, crânios, estrelas, formas
geométricas, animais, plantas, etc.
Em meio a tantas
imagens e símbolos não poderiam ter deixado de surgir, em um país sob forte
influência maçônica, primordialmente naquela época, as “fancy cancel” com
simbologia maçônica, das quais o esquadro e o compasso foram as mais comuns,
incluindo os feitos à mão com caneta tinteiro à pena.
Não se sabe ao certo
se essas “obliterações maçônicas” foram necessariamente propostas e elaboradas
por funcionários, coordenadores ou gerentes maçons das agências de correio
espalhadas pelos Estados Unidos da América. O que mais importa é que esse
período, além de presentear a história postal universal com ricos desenhos e
símbolos, também presenteou os filatelistas e demais colecionadores com o
registro de variados símbolos que compõem a Sublime Ordem Maçônica universal.
Fontes:
Herst & Sampson. 19th Century Fancy Cancels, 1963.
Todas as imagens são de selos da coleção particular do grande amigo filatelista e pesquisador Paulo Roberto Galvão - Rio de Janeiro - RJ